quarta-feira, fevereiro 09, 2005


Propaganda e manipulação de consciências iletradas


A constante tentativa de demonização do Bloco de Esquerda, perpetrada pelos partidos de direita, causa-me uma certa estranheza. A insistente classificação do Bloco de Esquerda como um partido radical e extremista deixa-me ainda mais perplexo, sobretudo quando vindo de um partido como o CDS-PP, integrado na extrema-direita do Parlamento Europeu e com posições, de facto, radicais e fundamentalistas relativamente a questões como o aborto, o casamento entre homossexuais ou a imigração. Esta tentativa de demonização do Bloco de Esquerda tem um objectivo claro: meter medo aos eleitores, de forma a capitalizar votos ao centro. Perante uma população pouco instruída, quase iletrada, este tipo de propaganda pode ser muito eficaz. Não deixa de ser revoltante a forma cínica como o CDS-PP tenta, obstinadamente, fazer passar uma imagem de responsabilidade de Estado, de estabilidade política, de fonte de virtudes governativas. A memória é curta, mas as posições anti-europeístas de Paulo Portas ainda são relativamente recentes, tal como a sua implicação no denominado "Caso Moderna" ou o seu típico discurso reaccionário sobre segurança pública e imigração. Afinal quem é que é extremista e fundamentalista? Afinal quem é que deteve uma pequena e inofensiva embarcação no mar com uma corveta da marinha de guerra? Afinal quem é que ostenta, no seu gabinete ministerial, fotografias suas ao lado de Donald Rumsfeld, com chapéus à "cowboy" e rasgados sorrisos? Haja decoro. O Bloco de Esquerda é "neofascista"? Mas andam a brincar com a política?


Gustavo Sampaio, in; Grão de areia

Sem comentários: