segunda-feira, janeiro 03, 2005

A Reter… (2)
O Artista
Na página 16 da edição de 23 de Dezembro de 2004 do “Diário As Beiras” que se publica em Coimbra, pode ler-se o seguinte título: “Secretário de Estado promete apoios de 2,5 milhões de euros”.
A notícia refere-se a uma visita do Secretário de Estado da Segurança Social, da Família e da Criança a Montemor-o-Velho, onde foi inaugurar as “novas instalações dos serviços de Segurança Social daquele concelho”.
Como é da praxe nestas circunstâncias, o citado governante teve uma recepção no Salão Nobre da Câmara Municipal. Aí “prometeu apoiar com 2,5 milhões de euros, quatro instituições” de Solidariedade Social existentes no concelho, “se voltar a ocupar o mesmo cargo depois das eleições, salvaguardou”.
Comentário 1: Palavras para quê? Trata-se de um artista do Governo Santana / Portas que usa da forma mais despudorada todas as artimanhas possíveis para evitar uma derrota anunciada.
Comentário 2: Quem olha para o Secretário de Estado da Família e da Criança, Marco António Costa, fica, numa primeira impressão, com a ideia de uma personalidade incapaz, qual menino do coro, de cometer tamanha desonestidade política que é servir-se do dinheiro de todos nós para manipular as consciências de muitas pessoas fragilizadas por toda a sorte de carências de ordem financeira e social. O que ele fez foi uma espécie de tentativa de compra de votos, mais usual no Brasil dos “coronéis”, com a agravante de estar a utilizar fundos do Estado.

A Reter… (3)
Portagens na Via do Infante?
Todos nós tomámos conhecimento da promessa recente do leader do PS e candidato a Primeiro-Ministro, José Sócrates, no sentido de não pagarmos portagens nas SCUT. Pois bem, pode não ser exactamente assim…
Em entrevista ao “Independente” (edição de 23/12/2004), Ascenso Simões, “uma das novas sombras” de José Sócrates, refere que as SCUT são “essenciais para estruturar o território interior. Não são essenciais para o litoral”. Para ele, não se devem “discutir as auto-estradas sem portagens como se fosse uma única realidade”. Quando afirma que “no interior não há condições para haver portagens”, está visto que abre a possibilidade de termos de as pagar na Via do Infante…
Como comentariam esta possibilidade os autarcas do PS que estiveram presentes nas manifestações anti-portagem? Voltariam a um mesmo tipo de manifestação se, acaso, uma situação idêntica se repetisse, desta vez, com um Governo socialista?
É preciso estarmos muito atentos a estas tomadas de posição que, embora, ainda não assumidas pelo chefe do partido, vêm de alguém com responsabilidades e que lhe está muito próximo.
Os políticos só nos mentem se estivermos distraídos e não os obrigarmos a definirem as suas intenções de forma clara, relativamente a situações como esta. As promessas devem ser cumpridas, sem subterfúgios, tal como foram apresentadas.

A Reter… (4)
O jornal espanhol “El País” é pouco lisonjeiro para os dois principais candidatos ao cargo de próximo Primeiro-Ministro.
Refere que ambos ganharam popularidade graças à sua frequente presença na televisão, como comentadores. No que se refere a Sócrates, chama-lhe “político Armani”. Quanto a Santana Lopes, classifica-o como “uma espécie de figura do “jet set” nacional.
Convenhamos que, vistos de fora do país, os dois candidatos não apresentam grandes credenciais…

A Reter… (5)
Na última década do século passado, houve, no Algarve, um aumento do número de pessoas a viver em situação precária, nos intitulados “alojamentos não clássicos”, a saber: barracas, casas de madeira, barcos, caravanas, garagens, celeiros, etc. Este aumento cifrou-se em 84% e foi o maior do país, por regiões.

A Reter… (6)
A megacatástrofe que se abateu sobre o sudoeste asiático pode ter sido potenciada por intervenção do homem, em consequência de fortes interesses económicos em jogo na região. Pelo menos é esta a opinião do director científico da União Mundial para a Conservação da Natureza. Este cientista explica que as proporções do cataclismo foram tão descomunais porque “muitos dos corais desapareceram e os mangais (florestas à beira da água formadas por mangues) foram destruídos para dar lugar à criação de camarões e lagostins”. Estes habitats “foram sacrificados ao turismo e às urbanizações, pois os hotéis foram construídos directamente nas praias”. (…) “Mas há demasiados interesses económicos em jogo. Os europeus compram os frutos do mar aos negociantes asiáticos a preços muito baixos, sem que os custos ambientais desta produção sejam levados em conta”.
Guardadas as devidas proporções, é imperioso reflectirmos sobre estes acontecimentos, quando na nossa região já temos tantas agressões ambientais e outras se preparam, sem se ter em conta que a Natureza faz-se sempre pagar muito caro, relativamente aos crimes que sobre ela são cometidos. Há que arrepiar caminho enquanto é tempo.


Luis Moleiro

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